O Uivador que arrastava correntes é uma figura típica de contos assustadores e lendas urbanas, geralmente associada a espíritos atormentados ou entidades sobrenaturais que vagam à noite, espalhando medo por onde passam. Aqui vai um conto original inspirado nessa criatura:
Nas colinas enevoadas do interior de Minas, havia uma vila esquecida pelo tempo chamada Santa Cruz do Vale. Quem morava lá sabia bem: quando o vento soprava do sul e a lua cheia surgia atrás da serra, era melhor trancar portas, apagar as luzes e rezar em silêncio. Era a noite do Uivador.
Diziam que ele era um homem, no passado. Um fazendeiro cruel que maltratava seus escravos e se negava a libertá-los, mesmo quando a liberdade já era lei. Um dia, revoltados, os escravos o prenderam com correntes de ferro e o lançaram em um poço profundo, amaldiçoando sua alma. Mas a morte não o levou por completo.
Desde então, nas noites certas, ouve-se o som de correntes sendo arrastadas pelas estradas de terra batida, seguido por uivos tão tristes que congelam o sangue. Dizem que o Uivador caminha pelas trilhas, ainda preso às correntes do seu passado, buscando quem o ouça — e, pior, quem o veja.
Há quem jure ter cruzado com ele: uma sombra alta, encurvada, com olhos brilhando em vermelho e as correntes enroscadas nos braços e tornozelos. Onde ele passa, cães uivam, velas se apagam, e os que ousam encará-lo... enlouquecem ou desaparecem.
Na última vez que foi visto, deixou marcas fundas de correntes na terra, indo em direção ao cemitério da vila. Desde então, ninguém ousa passar por lá depois do anoitecer.
Mas se algum dia, numa noite fria e silenciosa, você ouvir o arrastar de correntes ao longe e um uivo ecoando entre as árvores… corra. Corra e não olhe para trás.
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